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Guelra é um laboratório de criação coreográfica transdisciplinar de interação, interatividade e interligação artísticas, que tem como poética de criação a multiplicidade e a intangibilidade de vivência e memória da cidade.  Convocam-se os espaços, públicos e privados, para uma reflexão que pretende fortalecer as relações entre os artistas convidados e o contexto social, político e cultural da cidade de Braga. Ao público, a Arte Total propõe uma reflexão sobre a produção artística abrindo, de uma forma clara, as perspectivas dos discursos autorais, sob vários formatos que se vão, rizomaticamente, articulando ao longo dos programas. As residências artísticas Guelra iniciaram em 2013.

amélia bentes | (IN) visibilty 2024

Inspirada pela exposição fotográfica de Joaquim Leal, que utiliza a realidade aumentada como base para a exploração corporal, a performance evoca algumas das obras mais antigas da coreógrafa para explorar a ausência da presença. “(in) VISIBILITY” é uma criação de Amélia Bentes, com interpretação de Nuno Velosa e Amélia Bentes. 

peter michael dietz | grand danois 2023

O cão dinamarquês ou dogue alemão, como conhecemos em português, é um animal que, apesar da aparência colossal e da figura impotente, é descrito como tranquilo e carinhoso. Um dos mais famosos admiradores destes animais era Otto von Bismark, o infame “chanceler de ferro” do Império Alemão, que, ao longo da sua vida, fazia-se acompanhar destes gigantes robustos e ágeis. Um deles, Tyras, chegou a morder um diplomata russo após uma acesa discussão. Grand Danois, a nova performance de Peter Michael Dietz, pede emprestado o título a esta raça de cães, e, através de uma performance com música ao vivo, o coreógrafo e bailarino junta-se a Inês Malheiro (música) para explorar estes formidáveis e imponentes animais.

sara santervás | hostia! braga 2023

A intérprete e criadora Sara Santervás entrega-se a um romance impudico com a Augusta (Bracara Augusta), numa sátira amorosa dedicada ao folclórico. Dança e voz, canais que não passam pela razão, mas sim pelas entranhas, convidam-nos para o íntimo, para o sensorial. Através da lente miope de um corpo apaixonado, contemplamos o outro. Será olhar para o sujeito de amor, mais do que nunca, ver Braga por um canudo?

javier martín | el punto improprio 2022

Javier Martín apresenta uma conferência performativa, onde através da exposição dos materiais utilizados no processo de criação da coreografia, explica e demonstra as várias etapas e objetivos da obra – El punto Improprio. www.javiermartin.gal | artes del movimiento

gabriela barros | res nulius 2022

Braga, cidade religiosa. Em cada caminho percorrido há referências religiosas, umas mais visíveis e outras que nos passam despercebidas. Numa cidade repleta de igrejas, de tradições e rotinas idênticas são as igrejas de maior dimensão que causam impacto granjeando visibilidade ao olhar. Em conversa descobri a pequena Igreja de São Geraldo, entre espaços bem conhecidos da cidade. Terá sido capeada pelas sombras de algo maior? Fazia parte dos meus caminhos diários e nunca a olhei. Está fechada. Diz a tradição que abre as suas portas apenas um dia no ano. Não tem flores, tem fruta. Os pequenos espaços trazem consigo um aconchego espacial que os monumentais não conseguem. Um espaço público (quase) só meu. Era perfeita…

flávio rodrigues | síncrono, do registo ao fluxo 2022

“Síncrono | do registro ao fluxo” é um projeto de pesquisa que coloca em interceção o desenho (registro e a performatividade (corpo). O desenho emerge ancorado em dois essenciais polos de pesquisa: o primeiro induz os registros no campo da efemeridade e o segundo estende-se na utilização de materiais originários de caráter não extractivista. No território performativo, procura-se a abertura para lugares de pesquisa e de experimentação, onde o gesto é veículo e, neste caso, a partir do ato de construir os desenhos.

francisco camacho | viagem sentimental 2021

‘Guelra: Viagem Sentimental’ é o resultado da exploração de Francisco Camacho durante uma residência artística em Braga, no âmbito do laboratório Guelra. A partir da observação de pontos de interesse e de perspetivas sobre a história, cultura e costumes locais, o coreógrafo português cria uma peça de dança única que reflete a paisagem bracarense.

paulo henrique | o meu corpo é feito de barulho dos outros 2020

Enigma a explorar, esse do corpo que vê, mas também é visto, entre barulhos, ruídos que o transformam segundo os contextos, os suportes para o ver, recriar, partilhar e lhe dar visibilidade e novas leituras. Isso passa por uma escrita, um suporte por técnicas que transformam o olhar do corpo. Um olhar sobre o corpo, perturbado ou enriquecido pelo barulho dos outros, do mundo e da capacidade de lhe restituir outras ficções. 

gabriela barros e cristina mendanha | dentro -espaço extenso 2020

Durante o período de confinamento exploramos, através de vídeo conferencia e propostas de trabalho individual, a noção de espaço coreográfico baseada na concepção de espaço como um conceito relacional dinâmico, sugerindo que o espaço coreográfico fosse construído num espaço intensivo, numa rede espaço-temporal transitória de forças, vetores e tensões, processuais e instáveis e, inevitavelmente, experienciais.O resultado deste trabalho é um Video Dança.

miguel bonneville | uma maça e um cadáver 2019

Alan Turing – pioneiro na proposta da inteligência artificial – é a próxima figura em torno da qual Bonneville irá criar um espetáculo, dentro da série “A Importância de Ser”. Tendo Turing como ponto de partida, durante esta residência, a pesquisa e a criação terão como foco questões relacionadas com o encontro entre desejo e ciência.

david ramalho | intoin 2019

De que forma poderá o corpo de quem transforma o espaço interagir com aquele que ocupa o espaço criando sons através das linhas sonoras instaladas?
Este é um laboratório exploratório para a construção de um objeto/instalação artística para tocar e ser tocada, tornando cada um dos seus intervenientes num performer ou simplesmente para ser visualizada por quem a visitar.

sílvia real | a história ainda está connosco e pode ser contada 2019

“O mundo não é humano só por ser composto de seres humanos, nem se torna assim somente porque a voz humana nele ressoa, mas apenas quando se transforma em objeto do discurso…Nós humanizamos o que se passa no mundo e em nós mesmos apenas falando sobre isso, e no curso desse acto aprendemos a ser humanos.”Hannah Arendt

flávio rodrigues | rúptil - na era dos castigos incorpóreos 2019

rúptil | na era dos castigos incorpóreos é um projeto multidisciplinar e de carácter experimental. É estudado com o propósito de ser apresentado em espaços não convencionais, site-specific e capazes de proporcionar relações variáveis e opcionais entre a obra, o perfomer e o público. Transeunte, contínuo, frequência, acumulação, processo e criação são algumas das palavras e ideias chave, que em si, dão lugar à acção base e primordial deste projeto, o caminhar.

kittyking dance company | manifestation of fear 2018

“Manifestation of Fear” é uma obra de dança contemporânea que expressa o corpo e os movimentos que são causados pelo medo emocional e subjetivo. Como é que o medo pode ser materializado e incorporado fisicamente nos 7 performers e como pode isso afetar os seus mecanismos e auto-compreensão? A companhia KittyKing investiga a sua história particular para detetar as origens de algumas das suas ansiedades, como abuso, violação, VIH, aborto e solidão. Os medos que eram pessoais podem agora divagar e tomar diferentes corpos ou situações e alterar a sua aparência. 

cristina mendanha | isto tornou-se no meu texto 2018

Este projeto pretende investigar a escrita como parte do pensamento criativo da construção coreográfica. Neste laboratório, a dança é acionada pela realização de textos em contextos site-specific, de acordo com estímulos e diretivas precisas. Este processo de criação desenvolveu-se em torno de dois eixos centrais, a saber: por um lado, analisa-se e reflete-se sobre a forma como o fluxo da escrita pode interferir nos processos criativos e de formação em dança; por outro, experiencia-se a dificuldade da tradução do ato de criação coreográfico para uma outra linguagem, permite ler nas camadas de um corpo “phármakonizado” a duplicidade de sentido, a ambiguidade e a possibilidade de gerar um corpo escrito em si mesmo. Ou seja: o remédio e o veneno.