O Ciclo Contrapeso é uma ação dedicada à programação, dirigida ao acolhimento de artistas internacionais ou com produção internacional. É um ponto de encontro de artistas, pesquisadores e criadores e tem como objetivo nuclear impulsionar novas ideias e desafios criativos com arte e tecnologia para o desenvolvimento e apresentação de trabalhos em Braga, que privilegiem narrativas e desafios contemporâneos, incentivando a implementação de boas práticas ecológicas nos domínios artísticos, nomeadamente com o uso de recursos digitais nas criações de dança. Metaforicamente, o conceito de contrapeso é utilizado, nesta atividade, como trilho que mantém o equilíbrio entre a relação das Artes Performativas e a sustentabilidade ambiental, nomeadamente com o desenvolvimento de ações em que a criação em dança se ligará digitalmente a outras áreas artísticas. Assim, será desenvolvido um ciclo cujo suporte tecnológico servirá de criação e motivação para a concretização de um espaço físico de criação.
Echo, um prelúdio à história de Narcissus
Arte Total + Drumming GP + Pasquale Direse com música de Pedro Lima
Echo é, no poema Metamorfoses de Ovídio, “aquela que não sabe falar em primeiro lugar, que não pode calar-se quando se fala com ela, que repete apenas os últimos sons da voz que lhe chega”. Ovídio narra as mudanças das formas e o que indicará a chegada de novos corpos: noua corpora. Através de uma múltipla fusão de variações, o poeta desenvolve a perpétua combinação do que persiste -mens-, e do que acaba -corpus-, ajustando-se, assim, ao axioma do poema: a identidade de um ser transformado que se manifesta numa alteridade. Tal como Echo, o trabalho que se apresenta é um reflexo ou um duplo de Narcissus. A relação simbólica entre eles será assinalada por simetrias e diálogos sentidos entre a música de Pedro Lima executada pelo DrummingGP sob direção de Miquel Bernat, com new media set design de Pasquale Direse e o trabalho coreográfico da Arte Total Cia. Um prelúdio à história de Narcissus poderá ser visto, ouvido e sentido desde a entrada do Mosteiro de S. Martinho de Tibães, passando pelo foyer e terminando na sala do Capítulo… e ver tudo de novo num ciclo que se repete.
(Este espetáculo estreou a 17 de dezembro de 2023, no Mosteiro de Tibães.)